quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Adaptações

Muitos filmes resultam de adaptações. Adaptam-se obras literárias às exigências do écrã, adaptam-se filmes antigos aos tempos modernos, adaptam-se bailados, peças de teatro, séries de televisão, histórias e personagens de Banda Desenhada, os pretextos para fazer adaptações são extraordinariamente variados e quase tudo pode estar na origem de um argumento cinematográfico.

O filme que acabámos de ver, Os Irmãos Grimm, distorce um pouco o conceito de adaptação. O argumentista pegou nas personagens reais dos Grimm e colocou-as no centro de uma trama que cruza a História real do século XIX com situações fantásticas retiradas dos contos populares alemães por eles registados. Certamente reparaste que Jack (interpretado por Heath Ledger) trazia sempre consigo um caderno onde ia registando os acontecimentos do dia-a-dia.

O Capuchinho Vermelho, Hansel e Gretel, Rapunzel, etc. teriam sido histórias verdadeiras que depois acabaram por originar contos de fadas. Este filme tem um argumento original que resulta de uma espécie de colagem de fragmentos de contos de fadas com situações mais ou menos neles baseadas e ainda com produtos da imaginação dos argumentistas.

Importa reflectir sobre o termo "adaptação". No Diconário de Língua Portuguesa da Porto Editora, 5ª Edição, consta que se trata de um substantivo feminino, acto ou efeito de adaptar (...); isto leva-nos a procurar "adaptar"; verbo transitivo, ajustar (uma coisa a outra); adequar; apropriar, (...).

Quando fores ver, por exemplo, o novo filme de Robert Zemeckis "Um Conto de Natal", na presente adaptação para cinema em 3D do conto de Charles Dickens, com Jim Carey transformado numa espécie de desenho animado (ver aqui o trailer com legendas em português e aqui, sem legendas), pensa nisto. O autor e os argumentistas apropriaram-se do conto, ajustaram a narrativa e as personagens às capacidades do actor principal, tentando adequar a acção às extraordinárias possibilidades da tecnologia utilizada.

De qualquer dos modos, entre a história original e as sucessivas adaptações de que tem sido alvo, há sempre mudanças significativas. Este é o espírito da adaptação.

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